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sábado, 9 de maio de 2015

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Algum tempo atrás o que mais preocupava minha vida era o quanto dela eu poderia estar perdendo na situação de rotina em que me encontrava. Refleti, fritei meu cérebro, resolvi mudar. Em uma bela noite de verão, joguei meus planos e sonhos na privada e resolvi reescrever minha história, agregando apenas os pontos que me favoreciam. Deu certo no início, vi e vivi algumas coisas que ainda me faltavam no tradicional currículo adolescente, otimizei muitos espaços antes confusos do meu tempo, mais do que acordar, eu despertei. Despertei para aquilo que me era mais importante no momento: eu, minha felicidade, minhas escolhas.
Acontece que o tempo é maluco com a gente, de repente quando achamos que estamos prontos para viver sem limites, despenca uma caralhada de responsabilidades nas nossas caras que, ou assumimos de vez, ou atestamos síndrome de Peter Pan.
 Acontece que na seleção dos "pontos que me favoreciam", acabei fazendo algumas escolhas erradas, acabei mantendo coisas que estavam me destruindo sem que eu soubesse. E isso me mudou. Decepcionar-se com alguém é muito mais profundo quando estamos falando de amizade, de relações sórdidas de confiança, de amor. Um amigo que morre dentro de nós deixa um gosto azedo na vida, que ressurge toda vez em que pensamos sobre se relacionar. Ver a face real das pessoas põe muitos pingos nos "ís" e nos faz perceber o valor mínimo que algumas relações tem, e por isso abdicar delas.
      No auge do meu brilho, quando achei que chegava ao exemplo vivo de "aproveitar a vida" fui sendo engolida pelo enorme buraco negro que é crescer, sendo mastigada pelo egoísmo universal, pela liquidez da vida, e ao ver todas as cortinas caindo, me fechei.
Eu era muito maior do que sou hoje, porque viviam em mim sonhos, pessoas e ilusões que hoje não vivem mais, amadurecer é também amargar-se com o gosto da vida.
Me sinto profundamente responsável por algo que parece tão incomensurável para que eu carregue sozinha!
Ás vezes optar por algo vai muito além de ser uma escolha única, acarreta um imenso efeito borboleta á frente de nós. Vez ou outra me pergunto se não fiquei muito careta, tenho saudades de algumas aventuras malucas, meu instinto de aventureira está bastante enferrujado nessa vida planejada, a rotina apagou a luz do meu holofote, não vivo mais de modo empírico.
Gostaria de saber, afinal, onde fica a linha tênue entre ser responsável e manter o brilho da incerteza, tudo são etapas. Talvez esse equilíbrio só faça parte de um quebra-cabeças maior, onde me esforço para acertar as peças, ainda que vez ou outra rasgue um pedaço para encaixar.

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