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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Mais uma vez me pego sentada em posição de dama, com as pernas cruzadas e as víceras em profana confusão. Tu sentavas logo mais na minha frente e as minhas mãos formigavam incessantemente, lembrando do cheiro maravilhoso que a tua pele tem, um cheiro próprio, mistura de tabaco, marijuana e suor. E nos momento em que te observo, penso que encheria meu quarto e o teu se fosse sólido o que eu sinto, e é nessas horas que, desejando dar um murro na minha própria cara, divirto-me com a possibilidade de ir pro inferno por sua causa. A realidade do presente é um latifúndio cruel e enlouquecedor, foi a partir dele que descobri que o presente é só o momento em que passado e futuro se beijam e então seguimos para algum lugar. Mas com calma percebo que a estação já vai mudar, levando algumas coisas e trazendo outras tantas para dentro de nós. Tu sabes, a desordem é tenaz, tantos laços, tantas amarras, os controles e pretensões, nada adianta se o vento não soprar. Tenho todas as armas de que preciso para me defender dos possíveis machucados que estes teus olhos verdes possam me causar, mas lamento a incompetência da minha força de vontade, que transforma todos os meus anseios em desejos masoquistas toda vez em que vais embora dizendo que és o cara que não vai me dar nada, sendo que já me destes coisas a ponto de me transbordar. Te desvendo um pouco mais a cada segundo que passa e quanto mais passa, mais percebo que não cheguei nem mesmo na metade do caminho e a tua ausência tem gosto de preto e branco, me engole e mastiga em todas as despedidas. Um arrepio na nuca e eu queria cristalizar o momento de todos os nossos beijos, que sempre tem um quê ofegante de primeira vez, mas estou em alta velocidade e não sei se devo ir adiante, só que não tenho opção. Acho que é isso, eu tinha opção e optei pelo fascínio do errado, não consigo mais parar esse trem.