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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014




É por esse tipo de coisas que passo a maior parte do meu tempo em casa, sozinha com meu gato.

As pessoas são detestáveis, nem preciso dizer. Mas em alguns momentos de nossas vidas, realmente acreditamos no apoio e companhia alheia, no "não se pode viver sozinho para sempre", pois eu acho que se pode, sim.
   Sou do tipo solitária desde sempre, mas ao longo dos anos fui convencida de que preciso de pessoas ao meu redor, para os momentos felizes e tristes, para as festas da faculdade e para não parecer (mais) estranha andando sozinha por aí. Acontece que absolutamente todos os meus momentos tristes foram causados por pessoas. Essas pessoas que me convenceram de que eu precisaria de alguém ao meu lado, são as mesmas que me machucaram profundamente depois. E na hora de chorar, eu estava mais uma vez sozinha.
Nunca consegui entender as relações humanas num total. Por que alguém faria tanto por outra pessoa para logo depois feri-la sem pensar por algo nem tão importante? É tudo um jogo de ego, eu sei. Ainda assim não posso simplesmente aceitar que "todo mundo trai", "todo mundo mente", "todo mundo fala mal dos outros pelas costas". Não que eu nunca tenha feito nenhuma dessas coisas, mas ninguém irá me convencer de que é  um "hábito normal".
    Foi por isso que eu comecei a fumar no ensino médio. Nova cidade, nova escola, nenhum amigo. Eu não queria parecer pateticamente solitária, então fumava nos intervalos como símbolo de estar fazendo alguma coisa. Não mudou muito de uns anos pra cá.
Namorei outro solitário por muito tempo, ficávamos basicamente introspectivos nos nossos universos, mas ainda assim nos fazíamos companhia. Tive uma única melhor amiga, que posteriormente me deixou por não poder assumir seus próprios erros e por eu não ter sucesso em esconder todas as suas mentiras. Eu mentia por ela, porque a amava. E entender o amor não é tão simples.
Passei a, de certa forma, participar socialmente da vida de algumas pessoas, principalmente depois de ter rompido o elo com meu solitário e decidido desvendar as relações humanas.
O mundo é um grande mal entendido. As pessoas realmente vivem selvagemente, atacando e derrubando os outros sempre que isso possa trazer alguma vantagem. É estranho pensar que até os amigos competem, que companheiros mentem e escondem coisas uns dos outros, indo pelo velho (e falso) ditado de que "o que os olhos não veem, o coração não sente". Acontece que os olhos sempre acabam vendo e o coração sente muito mais.
     Tentei mostrar meu mundo pra algumas pessoas, convidando-os gentilmente a entrar na minha bolha, alguns deslumbraram-se e depois enjoaram e foram embora, outros simplesmente me convenceram de que ficariam comigo enquanto eu precisasse. cheguei a me sentir "linda", cheguei a me sentir esperançosa outra vez, mas era tudo parte da teia que são as relações humanas.
Tenho espírito seletivo, escolho a dedo todas as interações que terei e ainda assim cometo muitas falhas. Normalmente quem me decepciona mais profundamente são aqueles em que apostei todas as fichas, são aquelas pessoas-penhasco que você se joga achando que vai voar, sem reparar que já está caindo. É muito difícil se jogar de um penhasco com tanta confiança de que vai dar certo, porque quanto mais confiante é o pulo, mais dolorida é a queda. As vezes acho que nem me levantei ainda.
Enquanto me recolho á solidão da minha vida mais uma vez, também admiro essas pessoas que vivem por aí se jogando, muitas vezes do mesmo penhasco, uma centena de vezes. Admiro sua coragem, mas não sou capaz de fazer tantos curativos, sem morrer de hemorragia.

quanto maior o amor, maior a dor.

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